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a cidade

apresentação

Por Ana Luisa, Steffania Lemes, Caio Alcantara

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​Cidade de Goiás: antiga capital do estado goiano, reconhecida como Patrimônio Histórico da Humanidade desde dezembro de 2001 pela Unesco. Também conhecida como Vila Boa, Goiás, Goiás Velho e Old Goyaz. Enfim, muitos nomes para um lugar só, mas todos eles carregam o significado de uma cidade com inúmeras histórias, identidades, noites de forrós e bares com cerveja barata e música boa, ruas íngremes e sinuosas que se cruzam entre becos e se misturam entre pedras e asfaltos. Um pedacinho tão encantador do Estado de Goiás, marcado por seu clima de calor intenso que pede um picolé no Coreto¹ ou um banho na Carioca². Também é carimbado pelas representatividades de povos e culturas, pelas culinárias que vão desde o incrível salgado do "Postão", até o tão conhecido empadão goiano. Além disso, é lembrada sempre pelos estilos arquitetônicos que se mesclam entre o colonial, o neótico, o art déco, o eclético e moderno que compõem um acervo maravilhoso de arquitetura. Como não se lembrar também das lendas urbanas de um passado triste de escravidão e colonização e também "causos" engraçados de uma combinação entre a realidade e a imaginação popular. A cidade dos escritos de Leodegária de Jesus, ou dos tão famosos poemas de Cora Coralina, que nos passam não só a imagem da "vovozinha" fofa que faz doces, mas também da sua visão crítica na representação de um antigo Goiás que ainda temos muito a conhecer.

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E claro, também há suas adversidades com vivências desafiadoras. Porém, são coisas para se descobrir vivendo e sorte de quem, mesmo que por um breve momento, poder um dia desfrutar desse mundinho tão peculiar.

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área: 3 mil km²

pop.: 22 mil

idhm: 0,709

fundação: 1729

universidades: 3

cursos sup.: 15

Por Ana Luisa

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A Cidade de Goiás carrega em sua história as lendas, costumes e ditos populares de seu povo. Dentre essas lendas temos a mais famosa que faz referências aos dois principais morros próximos à cidade e a fonte da Carioca.

 

Índia Janaira

 

Segundo a lenda da Carioca, Janaira era uma bela índia da tribo Goyazes, filha do cacique Yrorê, amada por todos. Janaira era gentil e prestativa com todos que a procuravam. Um dia chegou na tribo um jovem bandeirante ferido e doente, denominado pela tribo de Cabelo de Sol. Janaira cercou o jovem forasteiro de cuidados, tratando de suas feridas e doença que o acometia. A proximidade dos jovens acabou tornando-os enamorados. Um amor proibido, uma vez que Janaira estava prometida a Irajá, um jovem índio ao qual havia crescido junta. O Cacique ao perceber o problema do triângulo amoroso manda buscar na Serra Dourada o Itiorá, pajé da tribo. Itiorá ao tomar conhecimento do que havia acontecido inicia seu ritual de magia, e solicita a todos presentes que acocorados encostem seus rostos na mãe-terra. Logo depois um enorme estouro abala o chão e todos os presentes. Itiorá explica que havia transformado Cabelo de Sol e Irajá nos morros, hoje denominados Cantagalo e São Francisco e a bela Índia Janaira havia se transformado na fonte da Carioca.

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Procissão das almas

 

A lenda da procissão das almas conta sobre uma velha, que vivia sozinha na sua casa, e por não ter muito que fazer, nem com quem conversar, passava a maior parte do dia olhando a rua através da sua janela, coisa muito comum na cidade de Goiás. Até que numa noite, já bem tarde ela viu passar uma procissão, todos estavam vestidos com roupas largas brancas (como fantasmas) com velas nas mãos e ela não conseguia identificar ninguém, logo estranhou, pois sabia que não haveria procissão naquele dia, pois ela sempre ia à igreja, e mesmo assim quando havia alguma procissão era comum a igreja tocar os sinos no início, mas nada disso foi feito. E a procissão foi passando, até que uma das pessoas que estava participando parou na janela da velha e lhe entregou uma vela, disse à velha que guardasse aquela vela e que no outro dia ela voltaria para pegá-la. Com a procissão chegando ao fim a velha resolveu dormir, e apagou a vela e guardou-a. No outro dia, quando acordou, a velha foi ver a vela, porém, para sua surpresa, no local em que deveria estar a vela estava dois ossos: um de uma pessoa já adulta e outro de uma criança.

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Tesouro do escravo

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Dentre outras lendas que vão passando de geração em geração, merece registro a que se refere a um filão de ouro, encontrado por um escravo. Conta-se que faleceu em Goiás uma pessoa preta que descobriu casualmente um veeiro na serra há uns dois quilômetros da cidade.  Vivendo já no tempo em que a mineração estava em abandono, fora incumbido, pelo seu senhor, de tirar lenha no mato e vendê-la, em cargueiros, na cidade. No exercício desse mister descobriu o filão; do que guardou segredo. Tencionando aproveitá-lo para gozar um pouco de liberdade, conseguiu folga, contanto que cada sábado entregasse ao senhor determinada quantia. Frequentou, pois, o filão, extraiu ouro, vendeu-o a um ourives conhecido, do qual exigiu promessa de segredo; e cada sábado entregava ao seu senhor a quantia determinada, sobrando-lhe sempre muito dinheiro para gastar à toa. Passava vida "alegre", em pagodes; e quando o dinheiro ia acabando, recorria de novo à sua mina. Meses e anos decorreram assim. Ninguém jamais o surpreendeu na mina, porque sabia despistar, e o local era alto e ermo, na serra. Mas, um segredo desta ordem não se conserva por muito tempo; e o senhor veio a saber que o escravo estava explorando um filão rico. Chamando o escravo à sua presença, exigiu que lhe confiasse o segredo da mina. Obteve, porém, uma informação falsa; e, verificado o logro, enfureceu-se, espancou-o e impôs-lhe, sob ameaça de morte, a declaração da verdade. O servo obstinou-se, porém, em guardar segredo; de modo que foi barbaramente açoitado, a ponto de quase não poder sobreviver. Veio um padre confessá-lo; e aconselhou-o a aquiescer à vontade do seu senhor. Este conselho aceito, o preto prontificou-se a dar informação exata. Assim morreria em paz. Resolveu-se, pois, transportá-lo numa rede, para ir indicando o caminho; porque, segundo ele dissera, de outro modo ninguém acharia o veeiro, que estava bem escondido e tapado com uma laje. Foram indo pela estrada real, e galgando os pedregais da serra. Ele, embora falando com dificuldade, ia indicando a rota. Aceleraram a marcha, porque o escravo estava prestes a expirar. Mas, foi em vão. Antes de saírem da estrada, ele já não era do número dos vivos. E ali está, até hoje, a cruz que assinala o lugar em que faleceu. Depois disto, fizeram-se pesquisas, deram-se buscas infrutíferas na serra. Tudo em vão. As chicotadas iníquas, que cortaram o corpo do infeliz escravo foram como um candente magma sobreposto ao filão. Ninguém mais o pôde aproveitar.

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Maria Grampinho

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Maria Grampinho também se tornou uma lenda, embora Maria da Conceição tenha realmente existido e contribuído em grande parte para o folclore e a memória da cidade de Goiás. A an­darilha amiga de Cora Coralina ocupava um lugar diferente no imaginário das crianças da época. Se dizia que ela iria pegar e levar as crianças de mau comportamento, colocando-as em sua misteriosa trouxa. Mesmo agora, anos após sua morte, ainda se fala que Maria vai levar as crianças levadas e mais: alguns turistas dizem vê-la brincando com seus grampos e a trouxa dentro da casa de Cora Coralina. Maria, além de provável fantasma local, acabou também virando a versão feminina e vilaboense do Homem do Saco.

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1. Coreto, ou Praça do Coreto, é um ponto central na Cidade de Goiás, famoso pela sorveteria que conta com sorvetes com sabores do cerrado e por ser local de encontro.

2. Carioca, ou Parque da Carioca, é uma área livre com uso para banho e demais atividades de lazer que fica nas margens do Rio Vermelho. É o local mais integrado à malha urbana da cidade com essas características.

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mapa

areião: uaecsa

sant'ana: uaech

b.c: biblioteca

r.u: restaurante

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